Anônimo |
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Durou cerca de 15 horas o julgamento dos dois policiais militares acusados de integrarem o grupo de bandidos conhecidos por “Ninjas” responsáveis por diversos assassinatos nos municípios de Murici, São José da Laje e União dos Palmares, na Zona da Mata de Alagoas. O julgamento, presidido pelo juiz Mauricio Breda, da 7ª Vara Criminal da Capital, aconteceu no Fórum do Barro Duro, em Maceió.
O cabo Eraldo Tadeu Vieira dos Santos e o subtenente Antonio Batista de Lima Neto sentaram no banco dos réus treze anos após terem executado quatro adolescentes.
O oficial também é acusado de ter assassinado uma pessoa em 1993 na cidade de Ibateguara.
Maurício da Silva, 19; Tiago Holanda Silva, 18; Sizenando Francisco da Silva, 17 e Sydrônio José da Silva, 16, foram mortos em setembro de 2002. Apenas duas das vítimas tinham passagem pela polícia
Na época o crime ganhou destaque internacional levando a Organização das Nações Unidas (ONU) denunciar o Estado de Alagoas como uma “terra sem lei” onde eram praticados crimes bárbaros e que em sua maioria ficavam impunes.
Duas testemunhas do caso, que chegaram a depor na polícia, foram assassinadas – uma delas, dentro do Presídio Baldomero Cavalcante, em Maceió. Uma outra testemunha encontra-se desaparecida.
Outras oito pessoas também foram denunciadas no inquérito elaborado pela Polícia Civil (PC). Sandro Jorge da Silva; Jailson Vicente de Melo; Givaldo Vicente de Melo; Nilton Nascimento Correia; José Paulo Barros de Araújo; José Elenildo de Souza Silva; José Valdir Gomes Ferreira e Marcos Mota dos Santos. Mas nenhum deles foi julgado nesta terça-feira devido à existência de recursos que estão em tramitação no Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL).
Inicialmente os réus seriam julgados no Fórum de União, mas o Ministério Público Estadual (MPE) entendeu que a influência dos acusados iria favorecê-los. O processo permanecia parado até o promotor Tácito Yuri, da comarca de União dos Palmares, que chegou a ser ameaçado de morte expor a situação ao TJ que transferiu o julgamento para a capital alagoana.
Durante o julgamento nenhuma testemunha foi ouvida. O clima se tornou mais áspero entre acusação e defesa após a leitura de duas cartas anônimas que detalharam o envolvimento do subtenente Antonio Batista e dos demais matadores com a chacina dos jovens.
Uma das cartas relatou que os “Ninjas” obrigaram os quatro garotos a deitarem no chão durante uma abordagem e após as vítimas fazerem o que era ordenado, foram mortos.
A defesa do oficial, que não concordou que a carta fosse usada como prova, alegou que no dia do crime Eraldo Tadeu estava em uma festa familiar onde se embriagou e de acordo com o advogado Ronald de Melo não participou da chacina.
Os dois militares foram considerados culpados pelas quatro mortes. O subtenente Antonio Neto foi condenado a 100 anos de prisão, enquanto que o júri condenou o cabo Eraldo Tadeu a 88 anos de reclusão. Porém como os acusados já cumpriram cinco anos de prisão, enquanto aguardavam o julgamento, suas penas foram modificadas para 94 anos e nove meses e 78 anos e oito meses, respectivamente. O juiz Maurício Breda manteve a prisão preventiva dos militares e a perda da farda.
Os ‘Ninjas foram presos pela primeira vez, em agosto de 2006, durante a operação “União dos Palmares”. Na época foram presos o ainda sargento Antônio Batista de Lima Neto; o cabo Jaílson Vicente de Melo; Sandro Jorge da Silva; Givaldo Vicente de Melo, Lenílson da Silva; Fernando Gomes da Silva Filho e o chefe da Guarda Municipal de União dos Palmares, Luís Carlos da Silva.
Todos foram acusados de assassinarem Ismael Dantas.
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