ESSA É DE LASCAR;CACIMBÃO COM ÁGUA SUJA ABASTECE RESIDÊNCIAS DE SÃO JOÃO DO QUEIROZ EM QUIXADÁ
Os moradores não disputam uma partida de futebol, mesmo tendo um campo amador, lá, o clássico é conseguir um balde com água limpa nas profundezas de um cacimbão perfurado há mais de 20 anos. Em São João dos Queiroz, o sistema de abastecimento d’água ainda é feito em ancoretas seguradas em uma cangalha, sob o dorso de jumento, carroça, bicicleta ou mesmo nos ombros dos pais de famílias que colocam um “galão d’água” com 30 litros.
A situação é indigna para o momento de desenvolvimento tecnológico. Os mais abastados compram água mineral, mas quem não tem condição financeira, sente a realidade, como é o caso da aposentada Maria de Nazaré, 60 anos. “Recebo um salário mínimo e ainda tenho um empréstimo”, conta com a voz embaçada e com os olhos choramingando, ela recebe pouco mais de R$ 500,00 reais mensal, “eu não tenho como gastar todo dia R$ 4,00 reais comprando água”. Dona Nazaré disse que mistura com a água que pega no cacimbão.Os primos Marcelo João Pereira e Evanilson de Melo, 13 e 14 anos respectivamente, estudam pela manhã na 7º série na Escola João Gonçalves da Rocha, durante o período da tarde, eles puxam água no cacimbão com um balde de 10 litros, em seguida, enchem as ancoretas erguidas no lombo do jegue. O aposentado Raimundo Alves da Silva, 65, desafia seus limites e leva dois tambores com 15 litros cada. Ele chama de “galão d’água”. “Faço isso cinco vezes por dia, meu espinhaço já não aguenta mais”. O idoso lamenta tamanho constrangimento e não mede criticas aos políticos. Cleyton de Sousa, 19, pai de um filho, leva um tambor com aproximadamente 20 litros em sua bicicleta, “diariamente venho 7 vezes”.A situação mais triste é da dona Rocicelene Pereira de Sousa, mãe de dois filhos, separada, ela mostra a água suja armazenada em tanques, “a gente deixa o pó baixar para filtrar”. O pó é o sujo.Segundo os moradores, o sistema de abastecimento está velho, por isso, a bomba d’água vive queimada. Para pior a penúria, uma caixa d’água pode desabar a qualquer momento. Um poço profundo foi perfurado recentemente, por sua vez, faltam os equipamentos. Enquanto isso ocorre sem nenhuma atitude, a água não chega nas torneiras das residências desse distrito esquecido pelas autoridades públicas. O único cacimbão recebe filas de moradores. A disputa é conseguir água limpeza, isso porque em poucos minutos, a lama fica visível.O jornalista/radialista Wanderley Barbosa acompanhou a reportagem do portal Revista Central.
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